quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Fazenda da Esperança: Uma realidade na recuperação de dependentes químicos



Recentemente realizei um sonho de conhecer o trabalho exitoso desenvolvido pela Igreja Católica e seus parceiros na Fazenda da Esperança, no município de Iracema, ao sul de Roraima. Este feito foi possível quando estive desempenhando meu trabalho em uma visita técnica do sistema de justiça àquela instituição.
Durante a visita notei que o trabalho é simples, porém com grandes resultados. Resultados que são percebidos nas pessoas que fazem tratamentos de reabilitação química e de todas as famílias envolvidas.
É importante ressaltar a atividade nesse campo precisa muito de auxílio, e atualmente a maior dificuldade está na falta de energia, tendo em vista que as pessoas em reabilitação desenvolvem tarefas na produção de pães, biscoitos e doces, e esse serviço requer uma eletricidade ininterrupta.
Mas é um processo que leva tempo e as parcerias estão surgindo.
Em conversa com o administrador da fazenda Luciano Figueiredo, descobri que por exemplo, existe um problema sério com o alambrado da quadra de esportes onde praticamente se usa uma bola em cada partida, e a partida normalmente dura até a bola furar nas ferragens que estão expostas.
Por outro lado vi muita coisa bonita, sobretudo o empenho dos internos na busca da recuperação.
Vi uma pequena, mais bem cuidada horta. Uma panificadora funcional e uma fabriqueta de sabão de onde são retirado quase todos o sustento do projeto como um todo.
As vezes ficamos imaginando que para ajudar a um projeto de tanta relevância precisamos de valores vultosos. Entretanto, apenas comprando os produtos que lá são produzidos já é de grande ajuda.
São produzidos pães de forma, cinco sabores biscoito e sabão em barra. Esses produtos são comercializados principalmente nas igrejas católicas da Capital.
Vejam, abaixo a matéria que produzi na ocasião da visita.
As fotos são de Vitória Barreto.

Presidente do Tribunal de Justiça realiza visita técnica na Fazenda da Esperança

A presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima, desembargadora Tânia Vasconcelos Dias, acompanhada de uma comitiva, visitou as instalações e conheceu o funcionamento da Fazenda da Esperança, localizada no município de Iracema, a 89 km de Boa Vista, antiga Vila São Raimundo, sentido sul da BR 174. A comitiva foi recepcionada pelo Bispo da Diocese de Roraim, Dom Roque Paloschi, e pelos coordenadores locais. A entidade é uma comunidade terapêutica de recuperação de toxicodependentes, fundada em dezembro de 2009.
Durante a visita foi explicado, pelo coordenador local da Fazenda, Luciano Figueiredo, a metodologia de trabalho sustentada em três pilares fundamentais “trabalho, convivência e espiritualidade”. Os internos são distribuídos em três casas com funções distintas na organização social e na divisão dos trabalhos, como panificação, fábrica de sabão e cuidados com a limpeza, manutenção de cercas e cuidado dos animais.
A instituição é gerida por missionários da Ordem Franciscana, e, sua principal fonte de renda é a venda dos produtos fabricados pelos internos (pão de forma, cinco sabores de biscoito e o sabão em barra), bem como donativos em geral.
De acordo com o coordenador, Luciano Figueiredo, essa visita foi muito importante, pois permite que o Judiciário e representantes do Poder Executivo conheçam o trabalho aqui desenvolvido. “Estávamos ansiosos para essa visita. Mostramos aqui os nossos progressos e as nossas principais dificuldades. Nossa metodologia de trabalho é simples, mas podemos ver os resultados positivos que traz, para o indivíduo, para as famílias e para a sociedade em geral. Aqui as portas estão sempre abertas: só se interna aqui quem quer (e pede pra entrar), depois que aqui se encontra precisa seguir nossos padrões de regras, se por acaso não se adaptar e quiser sair as portas estão sempre abertas, pois nem muro possuímos”, afirmou figueiredo.
Para o juiz Alexandre Magno Magalhães Vieira, a visita além de muito esclarecedora, foi produtiva, pois foi possível que o Poder Judiciário viesse a conhecer a realidade dessa instituição mantida pela sociedade civil que desenvolve essa importante ação social. “Já somos parceiros, pois uma grande parcela dos beneficiados com as penas e medidas alternativas são dependentes químicos e muitos vêm para cá no intuito de se tratarem, com esse trabalho todos ganham, a justiça e a sociedade”, afirmou o magistrado.
Após conhecer as instalações, os visitantes tiveram um momento de partilha de alimentos e, logo em seguida, foi feita a partilha das experiências de um interno que está perto de completar seu período de internação e de um dos coordenadores da Fazenda (ex-interno) exporem seus testemunhos, relatando como entraram, viveram e saíram do mundo das drogas, destacando a importância da instituição.
A desembargadora Tânia Vasconcelos afirmou que já conhecia a Fazenda, pois em várias ocasiões esteve foi lá para comprar pão e biscoitos, mas foi a primeira vez que esteve em uma visita oficial. “Chama a atenção a simplicidade das instalações combinado com o zelo e importante trabalho ali realizado. É um trabalho sério, coordenado por pessoas sérias, que se dedicam à importante obra de resgatar o ser humano. Enquanto instituição, o Tribunal de Justiça vai procurar auxiliar dentro de suas limitações, principalmente contactando nossa rede de parceiros para fortalecer esse e outro projetos sociais”, concluiu a presidente.
A comitiva foi composta pelo juiz Titular da Vara de Penas e Medidas Alternativas, Alexandre Magno Magalhães Vieira, a juíza substituta Joana Sarmento, os promotores de justiça Ricardo Fontanella e Lucimara Campaner, o procurador do Estado José Ruyderlan Lessa e, ainda por servidores da equipe multiprofissional da Vepema e do Juizado especializado em Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher.


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Comunidade Indígena Malacacheta realiza a 9ª Festa da Damurida em RR

A comunidade Indígena Malacacheta, realiza, de 06 a 8 de novembro de 2014 a 9ª Festa da Damurida, o evento já virou tradição em Roraima e ficou famoso por misturar esportes, cultura, lazer e gastronomia indígena, com foco na celebração e divulgação dos valores culturais, daquele povo.
A comunidade está localizada no município de Cantá, a 36 quilômetros de Boa Vista (região da Serra da Lua) e é habitada por índios da etnia wapichana.
A damurida, comida tradicional feita de peixe ou carne de caça cozida com bastante pimenta, foi escolhida como símbolo cultural, para agregar várias outras manifestações culturais neste festival.
De acordo com a administradora de empresas Leci Marques, essa comida indígena é a expressão da cultura dos seus parentes. “Representa minhas origens, gosto pelo sabor único, que lembra minha infância nas comunidades Araçá e Guariba. Gosto temperada com tucupi cozido (cumagi) e bastante pimenta, inclusive a folha da pimenta malagueta”.
No mesmo sentido a professora Valci Marques, da Escola de Aplicação da Universidade Federal de Roraima, especialista em química, apreciadora e praticante dessa arte culinária afirma a importância cultural e social. “Eu gosto de comer damurida pelo sabor exótico. Ela representa para mim a culinária dos meus antepassados, que me faz recorda a minha infância e as minhas origens! Este evento é importantíssimo para manter viva as nossas origens e os nossos costumes,” e, do ponto de vista científico, é um alimento rico em vitaminas, proteínas e capsaicina, o alcaloide que contém todas as pimentas, que ajuda na circulação sanguínea.
De acordo com a estudante de jornalismo e liderança indígena, Mayra Wapixana, uma das organizadora do evento, afirma que sendo uma ocasião de cunho cultural, a comida indígena serve com forte motivação para que os membros das comunidades possam ter participação direta na continuidade do processo de conquista da identidade cultural e, sobretudo, da conquista da vivência dos costumes tradicionais. "Partindo do contexto atual, das ameaças aos direitos e vulnerabilidades que a nossa cultura passa, esse festival, que está próximo de completar 10 anos, representa uma conquista das nossas lideranças indígenas e é ponto forte na valorização de nossa cultura”, afirmou Mayra.

Confira a programação
Dia 06
19:00 - Apresentação Cultural
(Dança do Parixara)
19:30 - Exibição do Vídeo Documentário da VIII Festa da Damurida
20:00 - Diálogo das Lideranças Indígenas (Histórico da Festa)
21:40 - Confraternização (Damurida)
22:00 - Encerramento
7:30 Defumação com Maruai, Apresentação das escolas e
comunidades com a dança do Parixara.
Mesa: Lideranças indígenas e autoridades
10:00 - Início das inscrições de todas as competições do dia.
10:30 - Início das competições indígenas.
Corrida de saco (feminino e masculino), Flecha ao alvo parado – 30 m
(masculino e feminino), Flecha ao alvo calculado (masculino e feminino).
12:30 -
ALMOÇO POR CONTA DECADA PARTICIPANTE
14:00 Tomar caxiri, Trançar darruana, Ralar mandioca, Fiar algodão, Corrida com tora, Corrida com cabaça na cabeça, Melhor artesanato apresentado com autoria própria (qualidade)
18:00 - Encerramento do 1º dia de competição.
19:00 - Noite cultural com bingos, peças teatrais, sorteio de brindes entre barraqueiros, dança do parixara com a comunidade.
20:30 - Apresentação de Grupos Regionais
00:00 – Encerramento - Silêncio total na comunidade.

Dia 07
08:00 INÍCIO DOS CONCURSO.
08:00 - Maratona 7km
Corrida ciclista (masculino e feminino)
Concurso do Casal de índios Damurida.
Concurso de quem comer Damurida mais ardosa.
Concurso da índia com cabelos mais longos.
Concurso da melhor pintura corporal e vestimenta indígena.
Concurso do melhor poema relacionado à FESTA DA DAMORIDA.
9:30 -
Torneio de Futebol (geral)

Início das inscrições para o torneio
9:30 Início do torneio masculino
Exposição do Clube de Fãs de
Quadrinhos e Bonecos
11:00 Escolha da melhor Damurida
12:00 - Inscrição do SpeedWay
13:00 - Início do Speedway
16:00 - Final dos torneios
16:30 - Final da corrida de cavalo.
18:30 - Entrega das premiações.
19:30 - Bingos diversos.
21:30 - Início da noite festiva (Forró)

Dia 08
12:00 - ALMOÇO POR CONTA DE CADA PARTICIPANTE.
13:00 - Início do torneio masculino (futebol de campo – adulto e veterano) feminino e mirim (Society).
16:30 - Corrida de Cavalo (mestiço)
18:00 - bingo.
19:00 - Concurso de Parixara pelos alunos e comunidade.
20:00 - Apresentação dos grupos musicais regionais.
21:00 - Forró.
02:00 - Encerramento, silêncio na comunidade.
Realização: C.I Malacacheta | Apoio: E.E.Indígena Sizenando Diniz