Santos Inocentes de Ontem e de Hoje: Um Chamado Cristão à Defesa da Infância

Imagem representando os Santos Inocentes de hoje, destacando crianças de diferentes etnias em situações de vulnerabilidade, mas cercadas por um brilho de esperança e santidade.

O Dia dos Santos Inocentes é celebrado em 28 de dezembro. A data faz alusão ao relato bíblico registrado no Evangelho de São Mateus (2, 16-18), onde o rei Herodes ordenou a matança de todas as crianças do sexo masculino com menos de dois anos em Belém e arredores, na tentativa de eliminar o recém-nascido Jesus, que ele via como ameaça ao seu trono.

Esses pequenos mártires são considerados os primeiros a darem suas vidas por Cristo, mesmo sem consciência disso, e a Igreja os reconhece como santos.

A comemoração desta data é fixa no calendário litúrgico e está associada ao Tempo do Natal, lembrando-nos da pureza, fragilidade e valor da vida humana, especialmente das crianças.

Este dia nos oferece uma poderosa oportunidade de reflexão sobre as realidades que martirizam nossas crianças no mundo atual. Assim como Herodes, movido pela ambição e medo, causou sofrimento aos pequenos de Belém, hoje diversas formas de violência e negligência continuam a ferir nossos "santos inocentes".

Os "Herodes" de hoje

Entre as situações que martirizam crianças e adolescentes em nosso tempo, podemos destacar:

Pedofilia e abuso sexual: atos que destroem a dignidade e a inocência das vítimas.

Exploração e abuso infantil: crianças forçadas ao trabalho precoce ou sujeitas à violência doméstica e emocional.

Fome e pobreza extrema: que negam o direito à sobrevivência e ao desenvolvimento pleno.

Falta de acesso à educação e saúde: privando-as de oportunidades de futuro.

Exploração do trabalho infantil: tirando-lhes a infância em prol de interesses econômicos.

Crianças em situação de rua e conflitos armados: sujeitas ao abandono e à brutalidade.

A vulnerabilidade das crianças com deficiência

Crianças com deficiências mentais, intelectuais ou físicas são ainda mais vulneráveis. Muitas vezes enfrentam preconceito, negligência e exclusão, agravando as violações de seus direitos básicos.

O chamado cristão e a ação prática

Como cristãos, somos chamados a atuar em defesa da vida, dignidade e bem-estar das crianças, respondendo ao apelo das Escrituras e à nossa responsabilidade como pais, cidadãos e seguidores de Cristo.

• À luz das Escrituras:

• Jesus valorizou as crianças: "Deixem vir a mim as crianças, e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são como elas" (Mt 19,14).

• A Palavra de Deus nos orienta a proteger os vulneráveis: "Defendam os fracos e os órfãos; façam justiça aos necessitados e aos oprimidos" (Sl 82,3).

• Com base na legislação vigente:

• O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que crianças e adolescentes são prioridade absoluta, garantindo-lhes proteção contra abuso, exploração e negligência.

• Leis internacionais como a Convenção sobre os Direitos da Criança, da ONU, reforçam esses direitos.

Como podemos agir?

1. Denunciar: qualquer situação de abuso, exploração ou negligência, utilizando canais como o Disque 100 no Brasil.

2. Educar: promover valores de respeito, cuidado e amor às crianças, começando dentro de casa.

3. Apoiar iniciativas sociais: envolvendo-se em projetos que combatam a exploração infantil e promovam inclusão e acolhimento para crianças vulneráveis.

4. Orar e interceder: pedindo a Deus sabedoria e força para proteger os pequenos.

5. Promover inclusão: incentivando políticas e ações que garantam o acesso à educação, saúde e lazer, especialmente para crianças com deficiência.

6. Participar na política e na sociedade: defendendo legislações que priorizem os direitos das crianças e exigindo sua aplicação.

Um testemunho de fé e ação

Nosso compromisso cristão deve ir além das palavras, sendo um testemunho vivo de cuidado e justiça. Lembrar os Santos Inocentes é também assumir o papel de proteger os "inocentes" de hoje, promovendo uma sociedade onde todas as crianças possam viver com dignidade, alegria e esperança, como filhos amados de Deus.

Que possamos, como pais e cristãos, ser defensores incansáveis da causa infantojuvenil, honrando o chamado de Cristo para amar e proteger os mais pequeninos entre nós.

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