O artigo explora a relevância histórica e cultural de Roraima, que celebra 36 anos, destacando suas raízes ancestrais com o mito de Macunaíma. Aborda a importância desse "Mito de Origem" para os povos indígenas e como ele molda a identidade contemporânea roraimense. Além disso, o texto discute a complexidade multicultural do estado, influenciada por sua tríplice fronteira, a forte presença indígena e a contribuição dos migrantes, especialmente nordestinos, na construção de um mosaico cultural único.
O artigo explora a relevância histórica e cultural de Roraima, que celebra 36 anos, destacando suas raízes ancestrais com o mito de Macunaíma. Aborda a importância desse "Mito de Origem" para os povos indígenas e como ele molda a identidade contemporânea roraimense. Além disso, o texto discute a complexidade multicultural do estado, influenciada por sua tríplice fronteira, a forte presença indígena e a contribuição dos migrantes, especialmente nordestinos, na construção de um mosaico cultural único.
Terra de Macunaima. A origem:
"Terra de Macunaíma", para os povos originários, refere-se à origem ancestral do território cultural e físico (geográfico) onde atualmente se localiza o Estado de Roraima. Macunaima, um curumim cheio de potencial, dotado de magias e sabedoria, teve como local de nascimento o Monte Roraima. Ao crescer, tornou-se um guerreiro e foi proclamado herói pela etnia macuxi. A Terra de Macunaima é um lugar sagrado que povoa o imaginário sociocultural roraimense.
Por que essa lenda é tão importante para a história e cultura de Roraima?
Para os indígenas e pesquisadores, não se trata de uma lenda, mas de um "Mito de Origem", que dá sentido à existência, possibilitando a assunção de uma identidade étnica e a percepção de si no mundo. Sua importância histórica reside no fato de marcar que, em tempos remotos, essas terras já eram habitadas por povos ancestrais.
No aspecto cultural, é um elemento crucial para definir quem são os filhos de Macunaima na contemporaneidade.
Quando e como Roraima passou a ser chamada de Terra de Macunaima?
Roraima começou a ser chamada de Terra de Macunaima quando se percebeu a ligação umbilical entre "Homem e Natureza" numa relação de equilíbrio, respeito, ancestralidade e aspectos míticos, tendo Macunaíma como herói.
Sobre a complexidade cultural do Estado: a influência indígena, da tríplice fronteira e heranças nordestinas. Como tudo isso transformou a história e cultura de Roraima.
Roraima é o Estado mais novo e menos populoso do Brasil, mas carrega uma complexidade cultural significativa, fruto de diversos processos migratórios ao longo de sua história, desde a colonização até os dias atuais. Essa complexidade se reflete nos aspectos político-administrativos, na representatividade política, na sua relação com o Estado Nacional, além da formação social, econômica e étnica em todo o seu território.
A presença indígena é marcante, representando, segundo o IBGE (2023), 15,29% da população do Estado, distribuída nos 15 municípios dessa unidade da federação. As terras indígenas demarcadas correspondem a 46% do território de Roraima. O estado faz fronteira com a República Bolivariana da Venezuela, de língua espanhola, e com a República Cooperativista da Guiana, onde o inglês é o idioma oficial. Vale destacar que os povos originários de Roraima falam mais de uma dezena de línguas, demonstrando uma rica diversidade linguística.
Os nordestinos, que migraram para Roraima em busca de melhores condições de vida, também contribuem para o mosaico cultural do estado por meio de sua culinária, expressões musicais, organização familiar, sotaques, entre outros aspectos, colaborando para a reconfiguração identitária local.
É fundamental considerar, de forma crítica, que todo processo de colonização traz consigo atritos, contradições e momentos conflituosos, e em Roraima não foi diferente. Neste aniversário do Estado, devemos refletir sobre quem somos dentro desse mosaico e questionar: qual ou quais são as identidades de Roraima?
Sobretudo, precisamos reconhecer que vivemos em uma unidade federativa jovem, habitada por povos originários (indígenas), migrantes de todas as regiões do Brasil, venezuelanos, haitianos, pessoas oriundas da Guiana, além de outros migrantes das Américas e de outros continentes. Portanto, é essencial que tenhamos consciência da existência de uma multiculturalidade que precisa ser pensada a partir de uma perspectiva intercultural crítica, estabelecendo diálogos possíveis para o bem-viver.
Parabéns ao nosso Roraima!
*_Prof. Dr. Jonildo Viana_ - Antropólogo e Doutor em Educação. Professor do curso de Licenciatura Intercultural do Instituto Insikiran e do Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE/CEDUC-UFRR. Nota: Partes deste artigo foram usados estão na matéria do G1 da Por Nalu Cardoso, g1 RR - Boa Vista - 05/10/2024 06h00 https://bitily.me/tFNCF
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